Unidade do Corpo e da Mente
Afetos, Ações e Paixões em Espinosa
Espinosa tinha razão, eis o título da tradução francesa de uma das últimas obras do célebre neurologista António R. Damásio consagradas à elucidação da natureza dos sentimentos. Igualmente, Jean-Pierre Changeux, professor do Collège de France e autor de O homem neuronal, reivindica também uma filiação a Espinosa no correr de um diálogo com Paul Ricouer : O que nos faz pensar ? A natureza e a regra. Por que, da parte desses modernos pesquisadores, neurobiologistas e psicomotricistas, o entusiasmo pela concepção espinosana da união do corpo e da mente ? Em que Espinosa tinha razão contra Descartes ?
Tal atualidade do modelo espinosano convida à reflexão sobre o alcance e o valor dessas referências, sempre sujeitas à precaução aos olhos do historiador da filosofia, já que repousam muito frequentemente sobre conhecimentos de segunda mão e que desnaturam o pensamento de um autor. É por esse motivo que cumpre retomar a questão das relações entre mente e corpo e suas modalidades afetivas em Espinosa em toda sua complexidade.
A partir das interrogações atuais da neurobiologia e das ciências sociais, a filósofa Chantal Jaquet analisa os textos de Espinosa para deles extrair um modelo de interpretação das relações entre mente e corpo que pode enriquecer os debates contemporâneos nas mais diversas áreas e práticas.